Por quem os sinos dobram?
- JUBCor
- 15 de out. de 2020
- 4 min de leitura
O elemento nuclear de toda sociedade é a família. Foi criada por Deus, nas origens, como coroa da criação, os mais importantes de todos os seres criados. Não foi criada à toa, por engano ou falha do destino. Deus a fez à Sua imagem e semelhança, isto é, capazes de sentir e pensar e lhe deu uma grandiosa missão.
Gênesis 1:27-28 27 Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. 28 Deus os abençoou, e lhes disse: “Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra”.
Adão e Eva, protótipos de toda a humanidade, foram uma família incompleta. Não tiveram pais nem sogros. Já surgiram adultos, não tinham as doces memórias da infância. Desobedientes a Deus, também não foram bons pais, pois não souberam ensinar seus filhos a amar-se e a amá-los, pelo menos não aos dois primeiros, Caim e Abel. Como não tiveram avós, não sabiam o que era cuidar dos idosos mais significativos de sua vida e não puderam ensinar aos filhos o que é honrar pai e mãe. Caim matou seu irmão e fugiu de casa, nunca cuidando de seus pais. Contudo, Adão e Eva tiveram a felicidade de ser fiéis um ao outro vivendo centenas de anos juntos. Não sabemos quantos séculos Eva viveu. Adão viveu 930 anos. Tiveram muitos filhos e povoaram a terra e a subjugaram, dominando sobre todos os animais.
A humanidade é uma só família. Somos membros uns dos outros. Somos todos parentes. Alguns até chamam os outros de irmão, mesmo fora das comunidades religiosas onde a consciência de fraternidade é claramente estimulada. Como ficou eternizado no romance "Por quem os sinos dobram", talvez a melhor obra de Ernest Hemingway: "A morte de cada homem diminui-me, porque sou parte da humanidade. Portanto, nunca procure saber por quem os sinos dobram; eles dobram por ti." Pouca gente sabe, no entanto, que essa frase é de um pastor anglicano do século XVII, parte de um poema-sermão chamado Meditação XVII. Esse mesmo poema que inspirou Hemingway também tocou Thomas Merton, que escreveu "Homem algum é uma ilha". Não estamos sozinhos, nem podemos viver isolados, como mostra a forçosa política de quarentena. Alguém tem de trabalhar. A lista de serviços essenciais mostra que, no fundo, somos todos essenciais e a morte de qualquer pessoa é nossa morte também. Quem vive a relação família-igreja entende isso perfeitamente. Todo congregado é irmão ou irmã. E dói ficarmos ilhados, sem poder dar um abraço e nos alegrarmos em ver o outro a quem, em Cristo, aprendemos a amar.
Talvez, como Jó, você possa apenas se lembrar dos tempos "quando o Todo-Poderoso ainda estava comigo, e os meus filhos em redor de mim; " (Jó 29:5). Talvez seus filhos estejam longe, noutros Estados e até noutros países. Jamais vamos nos acostumar com o sentido do Salmo 127:4-5: "Como flechas na mão dum homem valente, assim os filhos da mocidade. Bem-aventurado o homem que enche deles a sua aljava; não serão confundidos, quando falarem com os seus inimigos à porta". Flecha é feita para ser lançada. Só que essas flechas nos são preciosas e as queremos de volta. Mas não podemos, pelo bem dos mesmos filhos a quem amamos, trazê-los e mantê-los perto de nós o tempo todo. Eles precisam viver a própria vida.
Hoje é Dia Internacional da Família. Seria muito apropriado chamá-lo de Dia Internacional da Saudade. Damos graças a Deus por tanta gente especial que passou em nossa vida. Avós, tios, primos, cônjuges, filhos, sobrinhos, netos e os agregados que permitiram a multiplicação de nossa família. Quantos deles nos sustentaram, carregaram no colo, abraçaram na hora da dificuldade. E, isolados, não podemos nem imaginar quando será nosso reencontro. Infelizmente, alguns não estarão mais entre nós depois da pandemia. Mas serão lembrados sempre com carinho e saudade.
E se o medo de perder algum desses valiosos "pedaços de mim" vier, podemos nos lembrar da frase de Andres Spyker, pastor da igreja Mais Vida, no México, e agradeço a meu irmão Arthur por ter enviado a citação:
"Uma das raízes do medo é pensar em perder algo valioso. Uma das raízes da fé é saber que você nunca perderá o mais valioso. E se você tem o mais valioso, sempre poderá recuperar e reconstruir o que foi perdido. A fé é o antídoto do medo."
Jesus é a pérola de grande valor. Se temos o mais valioso dos seres como nosso Mestre, Senhor e Salvador, temos a esperança do restabelecimento das relações. Primeiro, nos reconciliamos com o Pai Eterno, trazendo-O de volta para nossa família e simultaneamente entrando na família dEle. Aprendemos com Ele a perdoar uns aos outros e valorizar o outro como parte de nós mesmos. Assim nos reconciliamos como humanidade-irmã. Se perdemos ou perdermos alguém durante a jornada, temos a certeza do reencontro de todos os que estão em Cristo, para viver uma nova vida sem pecado, sem tristeza, nunca mais separados. Nunca mais os sinos dobrarão como perda, só como festa, a celebração da vida eterna.
Viva e celebre sua família. Abrace e deixe-se abraçar para diminuir seu colesterol e sua ansiedade. Dê graças a Deus por ter tido tantos familiares no passado e pelos que agora tem. Dê graças a Deus por pertencer a Ele e ser família com Deus. Não deixe Jesus fora da sua vida e fora da vida de sua família. Ele é a vida. Tenha um Feliz Dia Internacional da Família.
Fique bem. Fique em paz. Fique com Deus.
Com carinho,
Pr. Manga

Comments