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Paupérrimos

  • Foto do escritor: JUBCor
    JUBCor
  • 30 de dez. de 2020
  • 4 min de leitura

Vou começar o devocional de hoje com uma lista de provérbios:


Siga a Deus

Obedeça à lei

Respeite seus pais

Saiba o que aprendeu

Perceba o que ouviu

Intencione se casar

Conheça a sua oportunidade

Pense como um mortal

Se você é estrangeiro, aja como tal

Honre o lar

Controle-se

Ajude seus amigos

Controle a raiva

Exerça prudência

Honre a providência

Não use de juramento

Ame a amizade

Apegue-se à disciplina

Persiga a honra

Almeje sabedoria

Louve o bem

Não culpe ninguém

Louve a virtude

Pratique o que é justo

Favoreça os amigos

Defenda contra inimigos

Exerça nobreza de caráter

Evite o mal

Seja imparcial

Proteja o que é seu

Evite o que pertence aos outros

Ouça a todos

Tenha boa reputação

Nada em excesso

Use o tempo com moderação

Arrependa-se dos pecados

No fim, morra sem tristeza

Conhece a ti mesmo


Parecem ter sido tirados da Bíblia, não? O último, no entanto, entrega a fonte. Quem já ouviu a frase "Conhece a ti mesmo", às vezes precedida por um vocativo, "Mestre, conhece a ti mesmo" ou ainda com o pleonástico pronome "Mestre, conhece-te a ti mesmo"? Embora a frase seja atribuída a Sócrates, o grande filósofo grego, ela não é de sua autoria. É um de 147 aforismos inscritos no piso do Templo de Apolo, em Delfos. Coloquei aqui uma lista parcial, segundo a Wikipedia.


A religião sempre tenta levar os homens a uma mudança de comportamento para que ele mesmo tenha uma vida digna e melhor, assim como proporcione uma vida melhor aos que estão ao seu redor.


O cristianismo está repleto de aforismos semelhantes, mas com um propósito bem diferente. Enquanto a lista de provérbios em Delfos tem o fim em si mesmos, na fé cristã isso é só para que a reputação do crente não anule o seu testemunho ou mensagem. Infelizmente, muitos cristãos limitam sua experiência de fé à prática de bons costumes inspirados na pessoa de Jesus. Mas isso está longe de ser o sentido de ser um discípulo de Jesus.


Da lista citada, a frase que mais nos aproxima do propósito das boas-novas talvez seja a "conhece a ti mesmo". A Suda, uma enciclopédia de conhecimento grego do Século X, diz: "o provébio é aplicado àqueles cuja ostentação excede o que eles são" e que "conhece a ti mesmo" é um aviso para não prestar atenção na opinião da multidão.


O apóstolo Paulo vai nessa linha quando diz "ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter; mas, pelo contrário, tenha um conceito equilibrado, de acordo com a medida da fé que Deus lhe concedeu" ─ Romanos 12:3.


Mas em Cristo que esse "conceito equilibrado" ganha um novo conceito. A primeira das bem-aventuraças é "Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos céus" (Mateus 5:3). Não se trata de pobreza material, mas do reconhecimento de que, espiritualmente, não são os bons e os virtuosos os que entrarão no Reino do Céu. Isso anula Cristo como Salvador e O transforma em mero filósofo. Essa paupérie espiritual é o reconhecimento da profundidade de nossa depravação espiritual. Pecamos e estamos destituídos da glória de Deus (Rom. 3.23) e nossa recompensa por isso é a morte (Rom. 6.23).


Oswald Chambers escreveu "Eu não posso entrar no reino de Cristo como um homem bom ou uma mulher boa, só posso entrar como um pobre completo". Só quando reconhecemos que, comparados ao que é bom, a Jesus ou ao Pai, e medimos o nosso nível de bondade contra o nível dEles, que não somos quase nada bons, que nosso conceito de nós mesmos é vaidoso, que nós nos achamos os iluminados do planeta terra, e que foi o orgulho que nos elevou, quando caímos na realidade de conhecer a nós mesmos, então podemos enxergar que necessitamos do Salvador. Como Davi, clamaremos: "Ó Deus, Tu és o meu Deus, eu Te busco intensamente; a minha alma tem sede de Ti! Todo o meu ser anseia por Ti, numa terra seca, exausta e sem água" (Salmo 63:1).


Quando reconhecemos como Paulo que "Sei que nada de bom habita em mim" (Rom. 7:18), somos bem-aventurados. Os que acham que podem salvar a si mesmos não conhecem a si mesmos e não é deles o reino dos céus. Mas os que choram o reconhecimento de sua paupérie espiritual são consolados: "o Reino do Céu" é de vocês se... Se? Ser pobre não salva. Pode levar ao Salvador. Jesus não pediu para que meramente crêssemos que Ele existe, mas que cedêssemos a Jesus. Devemos tirar de nós o papel de nos salvar e devolvê-lo ao Salvador. "Negue-se!", disse Jesus. Então, receba Jesus como Salvador e Senhor de sua vida.


Não devemos dar ouvidos à multidão, disse a enciclopédia. Não devemos deixar o título de "filhos de Deus" subir à cabeça. É na humildade que somos exaltados e glorificados. Quem se enche de glória e vanglória agora, já recebeu sua recompensa.


Agora que estamos em Cristo, nossa vida deve refletir aqueles altos preceitos do início, para que quem olhe para nós veja além de nós mesmos e perceba que Jesus é real em nós, que O desejem também. Vivendo assim todo o restante de nossa vida, nós, sim, podemos cumprir o aforismo: quando chegar o fim, morra sem tristezas. Pois, para nós, cada dia é vida nova, santificação e serviço ao Deus que , de graça, por pura misericórdia, nos resgatou. E no fim, será só o começo.


Fique bem. Fique em paz. Fique com Deus.


Com carinho,

Pr. Manga



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