O dia em que Jesus não orou pelo mundo
- JUBCor
- 10 de dez. de 2020
- 5 min de leitura
O texto de hoje está em João 17:1-16.
Era a última noite de Jesus antes de Sua morte e ressurreição. No próximo capítulo, Ele será preso e duramente torturado. Ciente da dificuldade da hora, aquela tantas vezes dita "não é chegada a Minha hora", Jesus faz uma oração por apenas duas coisas. Para o Discipulador e Mestre, que agora iria Se tornar o Salvador em potencial para o mundo inteiro, só duas coisas importavam. Em Sua última oração registrada, quais eram as duas coisas mais importantes?
A primeira era Ele Mesmo. Jesus sempre é a coisa mais importante. Seu suplício não era coisa simples de enfrentar. Já havia orado por isso alguns instantes antes, pedindo a Deus que, se possível, o cálice fosse passado. Devemos sempre nos lembrar de pedir que sejamos poupados nos momentos difíceis da vida. Se Deus não nos livrar e se tivermos de atravessar os vales da sombra da morte, não temeremos mal algum. Ele estará conosco na travessia e seremos consolados e ajudados. Foi assim com Jesus, será assim conosco. João 17 1:1-2 registra o início da oração: "Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a Teu Filho, para que o Filho Te glorifique a Ti, 2 assim como Lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de que Ele conceda a vida eterna a todos os que Lhe deste." Sem que a glória de Deus se manifestasse no homem, o filho de carpinteiro não teria poder para demonstrar que também era o Filho do Homem. Em seguida, Jesus faz uma recaptulação de Seu ministério: "4 Eu Te glorifiquei na terra, consumando a obra que Me confiaste para fazer; 5 e, agora, glorifica-Me, ó Pai, conTigo Mesmo, com a glória que Eu tive junto de Ti, antes que houvesse mundo. 6 Manifestei o Teu nome aos homens que Me deste do mundo. Eram Teus, Tu Mos confiaste, e eles têm guardado a Tua palavra. 7 Agora, eles reconhecem que todas as coisas que Me tens dado provêm de Ti; 8 porque Eu lhes tenho transmitido as palavras que Me deste, e eles as receberam, e verdadeiramente conheceram que saí de Ti, e creram que Tu Me enviaste." (João 17:4-7).
O que dependia de Jesus para ser feito estava realizado. O que viria a acontecer em sequência estava puramente nas mãos da humanidade sem Deus, dos que rejeitaram o maior dom já dado aos homens. Por isso, Ele não argumenta e nem faz questão de responder a seus algozes. Era uma questão passiva. Nenhuma palavra Sua poderia mudar Seu destino. No dia seguinte, a essa hora, Jesus não estaria mais entre os vivos. Jesus não lutava contra isso. Era Seu destino e propósito para que pudesse ser o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo. E só Sua morte poderia pagar o pecado do que se arrepender.
A segunda coisa importante, agora, eram os discípulos, aqueles onze que formou durante três anos. Como exigir de quem nunca viu a ressurreição dos mortos que enfrente a morte sem medo? Por isso, Jesus faz uma oração maior ainda pelos discípulos. Ele ora mais pelos outros do que por Si Mesmo, dando-nos outra lição sobre as orações dos cristãos. Devemos interceder mais pelos outros e pensar menos em nós mesmos.
João 17:9-16 diz: "9 É por eles que Eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que Me deste, porque são Teus; 10 ora, todas as Minhas coisas são Tuas, e as Tuas coisas são Minhas; e, neles, Eu sou glorificado. 11 Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, ao passo que Eu vou para junto de Ti. Pai santo, guarda-os em Teu nome, que Me deste, para que eles sejam um, assim como Nós. 12 Quando Eu estava com eles, guardava-os no Teu nome, que Me deste, e protegi-os, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura. 13 Mas, agora, vou para junto de Ti e isto falo no mundo para que eles tenham o Meu gozo completo em si mesmos. 14 Eu lhes tenho dado a Tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como também Eu não sou. 15 Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal. 16 Eles não são do mundo, como também Eu não sou."
Dava para escrevermos um devocional inteiro para cada frase dessa oração, mas vamos nos concentrar agora nos princípios básicos do que Jesus falou.
Jesus não orou pelo mundo. Declarou explicitamente: "não rogo pelo mundo". O mundo irá de mal a pior tão passivamente como a crucificação do Salvador o foi para Ele. O mundo jaz no Maligno e gosta de estar aí. O cristão genuíno também não é do mundo, embora continue a morar nele. Jesus protegeu e guardou Seus discípulos enquanto andou com Eles, mas agora que está com o Pai no Eterno, quem nos guarda é o Pai. Os discípulos de antes e de hoje têm a mesma coisa em comum: receberam a Palavra que Jesus tem dado e por isso serão literalmente odiados. Por que odiar quem quer amar o próximo e lhe fazer o bem? Não, o cristão não é odiado por ser gente boa, mas por ser contraste, ser espelho. Quem ainda é do mundo e olha para o cristão enxerga a própria alma. Muitos passam a desejar ser limpos e purificados. Outros preferem quebrar o espelho. Não é a perfeição do cristão que tem esse efeito, já que mesmo em Cristo o discípulo ainda está longe de perfeito, mas a luz que ele irradia no exercício da fé. E cumpre-se outra palavra de Jesus: "vocês são a luz do mundo" (Mateus 5:14). E a luz é odiada porque o Evangelho diz: "O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más." (João 3:19).
São esses seguidores falhos e imperfeitos que dão continuidade à obra de Jesus. Por isso, o Mestre pediu ao Pai: "Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do Maligno". Ah, se Satanás tivesse sobre nós o poder que teve sobre Jó! Não restaria um só cristão na face da terra. O crente está guardado do Mal pelo Senhor da vida. Note que não estamos guardados do pecado. Quem livra o cristão do pecado é o próprio cristão, como vimos no fruto do Espírito, na questão do domínio próprio. Não é domínio remoto. Se o crente lembrar que não é deste mundo, resiste à tentação só para fazer Deus sorrir! Nossa alegria é glorificar a Deus. E nisso fazemos a luz d'Ele em nós brilhar mais forte ainda.
Apesar de não ter orado pelo mundo nessa noite, Jesus não desistiu dos perdidos. Ele enviou os onze de então que fizeram milhares em pouco tempo e que se tornaram milhões e, hoje, bilhões, na face da Terra. Todos têm a mesma missão: ir e fazer discípulos de todas as nações. Não fiquemos muito tempo pensando que temos de ser mestres nas Escrituras antes de sair para cumprir o IDE. É no exercício da caminhada da vida que colhemos as espigas à beira do caminho. Basta estender a mão. A espiga está pedindo para ser colhida.
Jesus já orou por mim e por você. Estamos prontos?
Fique bem. Fique em paz. Fique com Deus.
Com carinho,
Pr. Manga 🥭
Igreja Batista do Cordeiro

Comments