Não fomos feitos para domingo todo dia
- JUBCor
- 3 de set. de 2020
- 3 min de leitura
Já estamos na quarta semana de isolamento. Os ânimos também já começaram a mudar. Alguns estão em casa amedrontados, embora o medo só atrapalhe, outros já esgotaram seus recursos e não têm R$ 600,00 para receber. As brigas dentro de casa e o número de divórcios aumentaram em todo o mundo, pois alguns descobriram que não sabem amar e conviver. Por outro lado, há os que estão em paz, equilibrados, inalterados por dentro apesar das alterações externas, de uma nova rotina.
E aí eu me lembro de uma experiência social na antiga União Soviética em que as pessoas só tinham descanso dominical de quinze em quinze dias. O propósito era aumentar a produção. O primeiro mês deu certo. A partir do segundo, o cansaço foi dando as caras e a produção caiu drasticamente. Tiveram de voltar ao modelo de Deus e descansar no sétimo dia.
Nosso problema, ao contrário dos soviéticos daquele tempo, é que também não fomos feitos para não sair para trabalhar. Se todos os dias são domingos o corpo também dá sinais de cansaço. E quem achava que seria bom ter cultos todos os dias, se todo dia fosse domingo, começa a mudar de ideia. As orações antes vibrantes e alegres dão lugar a lamúrias, orações tristes clamando mais misericórdia em vez de ofertando mais ações de graças. E não me refiro aos que clamam por misericórdia devidamente, os enfermos, os famintos e os desesperançados. As mensagens dos pastores têm de ser voltadas para o consolo e não para o desafio e o amadurecimento. Nada de exortação, a hora é de cuidado da alma cansada. E quem não está cansado? Estamos feito o gato Garfield que disse: "Estou tão cansado de dormir que vou descansar".
No entanto, tudo está em nossa cabeça. Nosso pensamento gera atitudes. O que alimentamos na mente se transforma em palavras e ações. E temos de aprender a sofrer, às vezes, sem sofrimento real. Só imaginário. O famoso 'e se...?". E corremos o risco de pensarmos que estamos sós.
A Palavra de Deus no devocional de hoje tem a direção de nos ajudar a esperar com esperança.
Romanos 8:22-25 → 22 Sabemos que toda a natureza criada geme até agora, como em dores de parto. 23 E não só isso, mas nós mesmos, que temos os primeiros frutos do Espírito, gememos interiormente, esperando ansiosamente nossa adoção como filhos, a redenção do nosso corpo. 24 Pois nessa esperança fomos salvos. Mas, esperança que se vê não é esperança. Quem espera por aquilo que está vendo? 25 Mas se esperamos o que ainda não vemos, aguardamo-lo pacientemente.
Paulo é abrangente. Crentes e descrentes semelhantemente gemem e agoniadamente, tendo ou não os frutos do Espírito santo, esperando ansiosamente que nosso corpo seja redimido, isto é, que não estejamos mais sujeitos a nenhuma espécie de sofrimento, físico ou emocional. Isso só pode acontecer quando formos retirados deste mundo, quando Jesus voltar e formos viver no Céu numa estrutura social totalmente diferente. E o apóstolo completa fazendo-nos lembrar que nessa esperança fomos salvos. Quem não quer ir para o Céu? Até o ateu-prático quer.
Em versículos anteriores, v.20-21, lemos sobre a natureza criada "20 Pois ela foi submetida à futilidade, não pela sua própria escolha, mas por causa da vontade daquele que a sujeitou, na esperança 21 de que a própria natureza criada será libertada da escravidão da decadência em que se encontra para a gloriosa liberdade dos filhos de Deus." Deus não tem dois planos. O sofrimento é para que despertemos para a nossa insignificância e impotência diante das desgraças e nos voltemos para o Criador, que traz libertação e alívio como está demonstrado na "gloriosa liberdade dos filhos de Deus." Para estes, todo dia é domingo, isto é, todo dia é Dia do Senhor, todo dia é vivido na perspectiva de que estamos nas mãos do Pai e de Seu Filho Jesus (João 10:28-29). Não são alienados religiosos vivendo em devaneio espiritual, mas coadjuvantes de Deus, trabalhando na mesma obra. Podemos comparar isso aos médicos e enfermeiros, os policiais, garis e a equipe do caminhão do lixo. Têm família, receio de contaminação, mas têm uma missão que está acima do temor, uma missão por opção de escolha trabalhista, por definição profissional. Os filhos de Deus trabalham na missão maior e enquanto aqueles trabalham para a manutenção da vida, estes trabalham para a salvação e manutenção da alma.
Como grávidas, contamos semanas e meses, esperando o que não vemos, mas sabemos que é real, não é gravidez imaginária. O bebê cresce e chuta e mexe. Nosso Redentor vive. E, como disse o texto, se esperamos o que ainda não vemos, aguardamo-lo pacientemente.
Espere com esperança. Participe.
Com carinho,
Pr. Manga

Comments