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Nem avestruzes nem cegonhas

  • Foto do escritor: JUBCor
    JUBCor
  • 27 de out. de 2020
  • 4 min de leitura

Foi Hans Christian Andersen, o famoso contador de histórias dinamarquês do século 19, que escreveu "As Cegonhas", eternizando uma lenda muito antiga do folclore europeu de que as cegonhas eram responsáveis por trazer os bebês para as mães, trazendo-os de um lago onde ficam todos os bebês. Até Freud e Jung comentaram sobre a lenda como a dificuldade que alguns pais tinham de explicar a procriação pelo sexo. O conto de Andersen é mesmo para crianças, mostrando como os pais-cegonhas são amorosos e cuidadosos com seus filhotes, mas tem um final cruel para os humanos. Como eu sei que ninguém vai fazer uma pesquisa no Google para ler a historinha, vai aqui um resumo, na versão curta do Pr. Manga, só para matar a curiosidade.


Uma família de cegonhas com quatro filhotes vivia em seu ninho em cima da última casa de uma pequena vila. Papai-cegonha ficava em pé numa perna só, alimentando e protegendo o ninho. Quatro meninos se aproximaram da casa, viram os filhos e começaram a cantar mais ou menos assim:

─ Voe, voe, cegonha, de pé numa perna só. Veja sua esposa com os filhotes a descansar. Um deles vão enforcar, um outro vão fritar, atirarão no terceiro e quarto, vão assar.

O cântico dos garotos assustou os filhotes. Só um menino se recusou a cantar. Pedrinho dizia que era errado fazer chacota com os animais, mas os outros cantavam assim todos os dias. Por causa de Pedrinho, mais dois pararam de cantar. Só um insistia em amedrontar os pássaros.

As pequenas cegonhas ficaram com medo, a princípio, enquanto os pais as fortaleciam e ensinavam a voar. Os filhotes, mais fortes, agora queriam se vingar do menino, mas a mãe lhes dizia que ainda não era hora. Quando já estavam grandes, a mãe satisfaz o desejo dos filhotes com a seguinte instrução: lá longe para onde vamos tem um lago onde todos os bebês ficam a sonhar. Vamos trazer de lá um bebê para cada lar. Para o Pedrinho, traremos um irmão e uma irmãzinha ao mesmo tempo. Para o menino pirracento, vamos trazer um bebê que morreu de tanto sonhar.


A crueldade do conto me fez lembrar da resposta de Deus a Jó, comparando brevemente avestruzes com cegonhas. Talvez a tradução mais próxima do original seja a da NTLH, cuja equipe de tradutores reconhece a dificuldade do texto do versículo 14. e diz assim:


13 “Como batem rápidas as asas da avestruz! Mas nenhuma avestruz voa como a cegonha.

14 A avestruz põe os seus ovos no chão para que a areia quente os faça chocar.

15 Ela nem pensa que alguém vai pisá-los ou que algum animal selvagem pode esmagá-los.

16 Ela age como se os ovos não fossem seus e não se importa que os seus esforços fiquem perdidos.

17 Fui eu que a fiz assim, sem juízo, e não lhe dei sabedoria. (Jó 39:13-17)


Se as cegonhas têm fama de ser bons pais, o avestruz é o seu oposto. Não se preocupa em cuidar nem proteger os ovos, nem mesmo se dando ao trabalho de os chocar. É a frase "ela age como se os ovos não fossem seus e não se importa que os seus esforços fiquem perdidos" que chama a nossa atenção. Que triste.


Nos meus sessenta anos, conheci muitos filhos de avestruz. Mal criados, abandonados, perdidos na vida e na eternidade. Mas não têm de permanecer assim. Enquanto Deus, em Sua ciência, Se divertiu criando um pássaro "sem juízo e sem sabedoria", Ele criou todos os seres humanos à Sua imagem e semelhança, isto é, com juízo e sabedoria. Nossos recalques familiares não devem ser transferidos para Deus. Se houve falhas em nossa preparação para a vida, Deus sabe que basta entrarmos no caminho da vida eterna para que tudo isso se corrija muito rapidamente. Como Deus nunca deixou de ser Pai, sempre está disponível, sempre estende o convite, como fez com Jó, para um despertar transformador. Jó, cuja paciência é exaltada, só foi paciente até o capítulo três, de quarenta e dois que há no livro. Durante trinta e cinco, foi teimoso e até arrogante em se defender. Em quatro capítulos, Deus se aproxima dele e o ilumina, esclarecendo, respondendo e perguntando. O menor capítulo da história é o mais longo da vida de Jó, quando deixa de pensar que é filho de avestruz e passa a ser filho do Deus vivo por aceitar o Pai.


Nós temos juízo, quer dizer que sabemos raciocinar e analisar. Nós temos sabedoria, quer dizer que depois de raciocinar, sabemos escolher. Deus nos chama para andar com Ele um dia de cada vez. Podemos ser sábios e fazê-lo ou imitar o avestruz em outra lenda e enterrar a cabeça num buraco no chão (lenda, sim).


Jó 42:12 nos conta que Deus abençoou o final da vida de Jó mais do que o início e, depois disso, Jó ainda viveu mais cento e quarenta anos (v.16) com Deus. Sentiu o gostinho da eternidade? Não importa de onde nós viemos. Importa onde estamos e para onde vamos.


Fique bem. Fique em paz. Fique com Deus.


Com carinho,

Pr. Manga



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