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Montanhas Russas

  • Foto do escritor: JUBCor
    JUBCor
  • 23 de set. de 2020
  • 4 min de leitura

Lembro-me da primeira vez que me levaram a dar uma volta numa montanha russa. Era uma daquelas modernas, mas não tanto. Os trilhos eram de ferro e o carrinho nos colocava em fila indiana, sentados num banco acolchoado que ficava de comprido e ia uma perna para cada lado. Havia barras nas beiradas para que nos segurássemos. Nada de cinto de segurança, nem de travas de ferro emborrachadas sobre os ombros. Pura emoção. Minha irmã, de uns 8 anos de idade, foi na frente, papai no meio e eu, atrás dele, tinha então uns dez anos. Claro que a caçulinha ia na frente. E a máquina foi ligada e o trenzinho começou a subir. Sentimos o peso do corpo na grande rampa de subida. Minha irmã não se continha de alegria, achando uma maravilha a lenta subida. Quando chegamos ao topo, que linda a vista lá do alto. De repente, o trem desce vertiginosamente. O pavor tomou conta de minha irmã, que soltou as barras em desespero e começou a subir quase flutuando. Papai teve de soltar uma das mãos rapidamente e segurar minha irmã com a outra. Imagino a força que fez e sua aflição foi maior que a nossa. Tinha de ficar firme e cuidar da pequena, ao mesmo tempo que curtia as emoções compartilhadas por todos nós. Eu me agarrei com todas as forças de menino a cada lado do carrinho. Era um grito só no trem inteiro, com variações nas vogais. Uns gritavam "ah", outros "ih" e outroas "ai, ai, ai". Ninguém ficou calado. Quanta emoção para três minutos. Sobrevivemos. As montanhas russas nos parques de diversão de hoje são fichinha e as pessoas passeiam com as mãos para cima. Não sabem como era antes.


Todos nós ouvimos os informativos médicos sobre a pandemia. Estamos na curva ascendente e não conseguiram achatá-la. Como no brinquedo do parque de diversões, a subida parecia mais fácil. Parecia que tudo seria muito normal. Chegou mais perto a sensação de perigo porque ouvimos que nossos conhecidos estão sendo gravemente afetados. A montanha russa dessa pandemia é muito parecida com a de minha estreia. Não tem cinto nem trava de segurança e cada um que se segure. Ao contrário daquela, o perigo não está na descida, mas no topo. É como se o carrinho parasse lá em cima. Ouviremos muitos e muitos casos mais de contágio e vai parecer que não tem fim. Como suportar o processo?


O texto bíblico de hoje se encontra em Isaías 64:1-5. E Deus vem nos fortalecer.


1 Ah, se rompesses os céus e descesses! Os montes tremeriam diante de Ti! 2 Como quando o fogo acende os gravetos e faz a água ferver, desce, para que os Teus inimigos conheçam o Teu nome e as nações tremam diante de Ti! 3 Pois, quando fizeste coisas tremendas, coisas que não esperávamos, desceste, e os montes tremeram diante de Ti. 4 Desde os tempos antigos ninguém ouviu, nenhum ouvido percebeu, e olho nenhum viu outro Deus, além de Ti, que trabalha para aqueles que nele esperam. 5 Vens ajudar aqueles que praticam a justiça com alegria, que se lembram de Ti e dos teus caminhos. Mas, prosseguindo nós em nossos pecados, Tu Te iraste. Como, então, seremos salvos?


Que texto rico em lições para nós, ao mesmo tempo que corresponde aos nossos anseios para o momento. Que Deus abençoe Sua Palavra em nós.


Concordamos com o profeta: Ah, se Deus descesse do Céu agora! Para nós que estamos em Cristo, não há momento mais desejado, o Dia do Senhor. Mas, durante todos os altos e baixos da vida humana, Deus fez coisas tremendas, que não esperávamos e, dependendo de nossa cultura e país, nem ficamos sabendo. Sem que percebêssemos, Deus desceu e os montes tremeram. Não há montanhas russas para Deus. E as montanhas que há, Ele as faz derreter segundo Seus propósitos. Ele intervém para bem da humanidade. Deus participa e como Pai, lança Seus braços ao nosso redor quando nos apovoramos com a vida e soltamos as barras que poderiam nos manter firmes. O profeta diz bem, confirmando que nosso Deus é histórico e não imaginação, que desde os tempos antigos ninguém ouviu e olho nenhum viu outro Deus que trabalha para aqueles que nEle esperam. Esse é um conceito exclusivo da Bíblia. Deus vem ajudar aqueles que praticam a justiça, isto é, que fazem o que Lhe agrada, que se lembram dEle e andam em Seus caminhos.


Podemos estar chegando ao topo da montanha em nosso frágil trenzinho, mas o Pai está sentado entre nós, braços ao nosso redor, a sussurrar no nosso coração a frase mais importante de nossa vida: "Eis que estou com vocês todos os dias até o fim". Ele não pula fora, não desiste, não abandona. E ficamos bem na alma, na mente e no coração. É como se Ele dissesse: "Aguenta aí. Segura firme, mas alegre-se porque Eu estou aqui!"


Lentamente, o trenzinho vai descer, sem curvas bruscas, sem friozinho na barriga, sem acelerar, numa descida vagarosa, deixando lá no alto as fortes emoções. Durante alguns anos depois disso, não seremos mais os mesmos. Para nós, os seres humanos normais, a vida vai ser diferente. Nossa rotina ficará afetada. Nossas práticas de saúde também. Talvez, então, tenhamos aprendido a cuidar de nós e dos outros. Quando tivermos uma gripe que seja, saberemos que não devemos passá-la adiante como se não fosse nada. Vamos valorizar os encontros com os familiares e amigos distanciados. Que bom será o abraço! E veremos que vencemos a montanha por causa de Deus em nós. Para vencer a montanha, basta uma fé do tamanho de um grão de mostarda: "pois em verdade lhes digo que, se tiverem fé como um grão de mostarda, dirão a este monte: “Mude-se daqui para lá”, e ele se mudará. Nada lhes será impossível." (Palavra de Jesus, Mateus 17:20).


Fique bem. Segure firme!


Com carinho,

Pr. Manga



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