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Justiça refém das leis

  • Foto do escritor: JUBCor
    JUBCor
  • 6 de ago. de 2020
  • 4 min de leitura

Se fizermos uma busca na Internet por "condenada por roubar leite", vamos encontrar várias pessoas que foram de fato presas e condenadas por pequenos furtos. Li um caso em questão, em São Paulo, que uma senhora, mãe de quatro filhos foi condenada a uma pena de mais de 1100 dias de prisão por ter roubado um saquinho de leite em pó no valor de R$1,96. Como é mãe de quatro filhos, tem direito a receber uma pensão superior ao salário mínimo mensalmente por mais de três anos. Isso foi em julho de 2017. Quer dizer que além das custas processuais, por causa de um saquinho de leite de dois reais o Estado gastou mais de trinta e cinco mil reais só na pensão. Um caso de justiça refém da lei e não do bom senso. Há muitos outros casos semelhantes no resultado da pesquisa.


Logo que chegamos a El Salvador como missionários, em 1998, ficamos sabendo que se alguém roubasse ou furtasse alguma coisa de baixo valor, digamos de até quinhentos reais. ela não seria presa, apenas advertida. Já havia passado dez anos desde o fim da guerra civil e ainda havia muita miséria. Para desafogar o sistema jurídico, uma máquina cara de se manter, e agilizar o julgamento de crimes muito mais graves, era assim que o sistema funcionava. E o "polegarzinho das Américas", como é chamado o país, dá, assim, um olé no gigante sulamericano.


Na Bíblia encontramos alguns episódios de justiça insensata. João Batista teve a cabeça cortada para satisfazer o desejo de uma enteada do rei Herodes Antipas. Pedro e João foram chicoteados porque pregavam o Evangelho e ameaçados de ser presos novamente se continuassem anunciando a salvação em Jesus Cristo. Alguns fariseus quiseram colocar Jesus numa enrascada apresentando-lhe uma mulher presa em flagrante adultério. Quem conta o fato é João, em seu Evangelho:


João 8:3-6 Os mestres da lei e os fariseus trouxeram-lhe uma mulher surpreendida em adultério. Fizeram-na ficar em pé diante de todos 4 e disseram a Jesus: “Mestre, esta mulher foi surpreendida em ato de adultério. 5 Na Lei, Moisés nos ordena apedrejar tais mulheres. E o senhor, que diz?” 6 Eles estavam usando essa pergunta como armadilha, a fim de terem uma base para acusá-lo.


Todos sabemos a consequência. Jesus não caiu no golpe e nem sequer argumentou contra a lei. Simplesmente disse que quem não tivesse pecado jogasse a primeira pedra. Foi Mestre, como sempre. Bastaria que uma pessoa começasse para que a multidão seguisse o exemplo, lembrando-nos que multidão não tem cérebro nem cabeça. Os mais velhos foram saindo primeiro, condenados pela maturidade. Não sobrou ninguém, porque os idosos influenciaram a multidão positivamente.


Jesus também não a apedrejou, Ele, o único que realmente teria a condição moral para fazê-lo, pois nunca pecou. Jesus não foi contra a lei. Simplesmente impediu que a justiça ficasse refém da lei, como temos visto tantas vezes na história da humanidade. Acontece que a lei mandava apedrejar o homem e a mulher surpreendidos em adultério, mas os fariseus trouxeram apenas a mulher. Note que o texto não diz que ela era uma prostituta. Mas onde estava o homem? Deixaram-no ir. Estavam sendo parciais no julgamento e condenação e Jesus não entrou no jogo deles.


O texto de hoje está em Mateus 5:20, que nos diz: "Pois eu lhes digo que se a justiça de vocês não for muito superior à dos fariseus e mestres da lei, de modo nenhum entrarão no Reino dos céus".


Que Deus abençoe Sua Palavra em nós.


Fariseu tornou-se sinônimo de hipócrita, de pessoa com dois pesos e duas medidas. Os mestres da lei estavam mais preocupados com o cumprimento fiel das leis do que com a justiça propriamente dita. E Jesus nos chama severamente a atenção, pois não podemos ser em nada semelhantes a esses: "Se a justiça de vocês não for muito superior" à deles "de modo nenhum entrarão no Reino dos Céus."


Claro está que Jesus não estava advogando a salvação pelas obras. O que Ele nos ensina é que os filhos de Deus, justamente por serem filhos de Deus, necessitam ter um senso de justiça muito mais elevado, acima das leis no sentido de mais correto e não de desobediência. Filhos de Deus não podem ser piores que os fariseus e ainda pensarem que realmente são filhos do Deus vivo. Só em pensamento seriam filhos. Crer em Jesus é crer num sistema de governo totalmente diferente desses a que estamos acostumados. Nenhum sistema de governo existente hoje se iguala a ser governado pessoalmente por Deus, daí o "venha o Teu reino" no Pai-Nosso. Só os Evangelhos nos transformam em novas criaturas, muito superiores aos íntegros desta Terra. Para tal, é mister que sejamos como Jesus em nossos julgamentos e em nossa misericórdia.


Que Deus nos ajude e que possamos todos depender dEle e de Sua orientação para que nossa justiça não seja prisioneira das leis que nos são impostas. Nós não somos deste mundo, apenas estamos aqui de passagem. Somos cidadãos do Céu, como nos diz Efésios 2:19: "Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus".


E que Deus tenha misericórdia deste planeta.


Fique bem. Fique em paz. Fique com Deus.


Com carinho,

Pr. Manga



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