Deuses inimigos
- JUBCor
- 17 de dez. de 2020
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Deus, Criador e Senhor do Universo, é acusado de muita coisa. Vejamos algumas.
- Dizem que Ele é inerte, pois vê tudo de ruim acontecer no mundo e não age impedindo os desastres, sejam naturais ou feitos pelo homem. Como pode o Deus que nos fez para ser Sua imagem e semelhança permitir as enchentes, terremotos, furações, vulcões, tsunamis, Chernobil, Brumadinho, Wuhan e ver tanta gente morrer assim?
- Por isso, é chamado de cruel, pois como é possível ser um Deus amoroso e permitir o sofrimento humano, as injustiças sociais, a fome, a miséria, as enfermidades, os lares desfeitos, os filhos sem pais vivos e os órfãos de pais vivos?
- Há quem diga que Deus abandonou a humanidade. Criou tudo e foi embora, foi para o lugar de onde veio e nunca mais voltou.
- Alguns, que acham que Ele não foi embora, acreditam que Ele está olhando lá do Céu pronto para exterminar quem fizer alguma coisa errada, tomando nota de todos os erros dos seres humanos para esfregá-los no rosto no dia do julgamento final, passando o filme da vida de cada um, numa espécie de pré-tortura antes da condenação final no Inferno.
- Esse Deus também é mesquinho, porque, podendo abençoar e enriquecer a todos com o estalar dos dedos, dá apenas migalhas e faz o homem ter de trabalhar duro para ganhar o pão de cada dia.
Existe uma razão para que muita gente pense assim, mas não é culpa de Deus. A culpa é do ser humano. Deus nunca prometeu que a vida no planeta Terra seria uma maravilha. Isso era lá no Jardim do Éden. Mas o homem não quis ficar no lugar especial e foi tirado do jardim de sua infância. Não foi arbitrariedade divina. Foi cumprimento do aviso prévio. Mas o lindo casal lá do Jardim não quis respeitar as regras.
A consequência da desobediência recaiu sobre todos nós. Sofremos todas essas mazelas por tabela. Por mais cuidadosos que sejamos, se não trazemos mal a nós mesmos, estamos à mercê dos males que os outros trazem sobre nós. O pecado não ficou limitado ao Éden. Ao contrário, ganhou amplo acesso a todos, que o abraçam em nome da alegria, da diversão, da liberdade ou do direito. E, de fato, Deus não impede. É contra os Seus princípios. Impedir o pecado da humanidade implicaria impedir as escolhas pessoais. Quando Deus nos criou à Sua imagem e semelhança, recebemos inteligência maior do que todos os outros seres terrenos, ganhamos razão, o raciocínio que permite a descoberta. Mas não seríamos imagem e semelhança de Deus se não pudéssemos fazer escolhas.
O problema é que nossas escolhas são influenciáveis. A natureza nos influencia. Outros humanos, também. Mas, além desses, a humanidade continua sofrendo a influência de quem a incitou a colocar tudo a perder.
2 Corinthians 4:4: "O deus desta era cegou o entendimento dos descrentes, para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus".
A História registra que não foi Deus quem Se afastou da humanidade, mas, sim, o homem quem se afastou de Deus. Foi assim no Jardim da Criação e continua assim até.
A velha serpente que enganou Adão e Eva cegou o entendimento dos descrentes. Não, descrentes não quer dizer não-evangélicos. Adão e Eva foram os primeiros descrentes porque preferiram não acreditar, isto é, descreram em Deus. Descrer é um verbo que signifca "deixar de crer em", "perder a crença", "renegar" e "não crer". Em nome de seus desejos, o homem renegou Deus, deixou de crer no Criador, descreu. E Deus deixou acontecer.
Crer em Deus não poderia ser obrigatório, senão não seria crer, dar fé a Deus, isto é, confiar em Deus. Confiar em Deus é uma escolha. Quem escolhe isso não é mais descrente. É crente. Torna-se alguém privilegiado. Há um dinamismo todo especial a partir dessa relação com o divino e um direcionamento de vida que é notável. Quem está nesse relacionamento é simplesmente chamado de "cristão". Os demais rótulos como católicos, evangélicos e as diversas denominações designam as comunidades que os cristãos frequentam, apenas isso. Há católicos e evangélicos descrentes. Isso acontece quando só têm o rótulo ou quando, na prática, negam a confiança em Deus e se apegam ao que querem crer, como todo o resto do mundo faz, contrário ao que Deus diz.
Hoje, as pessoas não creem na Verdade, o Cristo. Creem apenas em "suas verdades", isto é, suas convicções. Como alguém bem disse, essas verdades "são produzidas pela emoção e intensidade da crença mais do que a razão", haja vista o que as pessoas creem do futebol à política à dieta alimentar. Emoção e intensidade da crença. Feito chá de alho.
Essa "fé", isto é, depositar nessas coisas sua confiança e agarrar-se a elas com tanta emoção a ponto de haver rompimento de relacionamento familiar por causa de time de futebol, é o que o versículo de hoje diz: "o deus desta era cegou o entendimento dos descrentes". Porque, se alguém se diz crente no Deus criador e ainda segue as tendências desta era, deste mundo, então esse faz parte dos portadores de rótulo mencionados anteriormente.
No título, deuses ficou em maiúscula apenas por posição. Existe, de fato, o Deus com letra "d" maiúscula. Único. Amoroso. Deus de paz e misericórdia. Ele é capaz de nos manter acima desta era e nos faz ver os que estão lá embaixo com os olhos d'Ele. E as pessoas não são vistas como desprezíveis e "boas para nada" como diz a expressão em inglês. Elas são vistas como carentes. Como foram cegadas pelos desejos, não enxergam Deus ou enxergam um Deus distorcido por si mesmas e suas noções. Por isso, tantos inventaram seus próprios deuses. Esses são deuses inimigos. Eles se antepõem ao Deus verdadeiro, incobrindo-O e impedindo as pessoas de conhecerem o Deus real, como disse o texto, "para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus".
Quem vê essa luz gloriosa não guarda Deus para si, mas compartilha o olhar do Pai, olhar de amor, de compaixão, do Jesus que chorou por Jerusalém, que queria colocá-la debaixo de Sua proteção e cuidado, como uma galinha faz com seus pintinhos, mas foi Jerusalém que não quis.
Quem vê essa luz que é Cristo, a imagem de Deus, é transformado ele mesmo para que seja igualmente imagem de Deus, luz e sal, vida e salvação não em si mesmo, mas refletindo o Salvador.
Esse relacionamento tão especial nos faz entender exatamente como e por que a vida é como está. Esse entendimento não nos faz ficar contentes com as circunstâncias do mundo, mas desejar que todos os que estão lá estivessem aqui, nas mãos do Pai.
Ore por alguém que você conhece que ainda não tem o Salvador agora. Dedique um minuto de seu tempo para pedir que essa pessoa enxergue a luz de Jesus.
Fique bem. Fique em paz. Fique com Deus.
Com carinho,
Pr. Manga

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