Como andar na prancha
- JUBCor
- 28 de jul. de 2020
- 3 min de leitura
Não importa a cor da barba do pirata, fosse o Barba Negra, o Barba Azul ou francês Barba Ruiva, a cor da prancha era a mesma: apenas uma grossa e rústica tábua estendida para fora do convés do navio A terrível ordem do capitão pirata era: "Para a prancha!". A vítima tinha de se equilibrar em uma tábua de um palmo de largura e caminhar sobre o mar até a ponta, às vezes perdoada e tendo a permissão de voltar, muitas vezes caminhando para um mergulho fatal.
Se colocássemos uma prancha no chão e andássemos sobre ela, não teríamos temor algum. Muitos de nós fizemos isso em vilarejos sujeitos a alagamento ou muita lama na época da chuva e caminhávamos sobre a prancha, ou sequência delas, para alcançar o chão mais seguro.
Mas se a prancha fosse elevada a dois metros de altura, a história era outra. Seria a mesma largura e a mesma extensão, qual o problema? Nossa imaginação. O medo de cair. O olhar para baixo e sua atração vertiginosa. O segredo era olhar para a frente, para o destino, não para os pés, feito quem usa óculos multifocais e a parte de baixo da lente, que é para enxergar de perto, fica fora de foco quando você olha para os pés. Quem usa multifocais só pode olhar para adiante, mais longe um pouco e não para o imediato, senão, corremos o grave risco de cair da escada logo no primeiro degrau.
O texto de hoje está em Mateus 14:28-32, que nos diz: "Respondendo-lhe Pedro, disse: Se és Tu, Senhor, manda-me ir ter conTigo, por sobre as águas. 29 E Ele disse: Vem! E Pedro, descendo do barco, andou por sobre as águas e foi ter com Jesus. 30 Reparando, porém, na força do vento, teve medo; e, começando a submergir, gritou: Salva-me, Senhor! 31 E, prontamente, Jesus, estendendo a mão, tomou-o e lhe disse: Homem de pequena fé, por que duvidaste? 32 Subindo ambos para o barco, cessou o vento."
Que Deus abençoe Sua Palavra e nos dê entendimento e sabedoria.
Muitos vão se lembrar da história toda. Os discípulos estavam atravessando o mar e Jesus tinha ficado para trás, sozinho, para orar um pouco. Avançada a noite, Jesus vai ao encontro dos discípulos caminhando sobre as águas. Pedro O vê aproximar-se, todos os discípulos com medo, imaginando tratar-se de um fantasma, afinal nós seres humanos normais não podemos andar sobre a água não congelada. Mas Jesus sempre será exceção em tudo. Pedro sabe que não pode simplesmente sair do barco e correr em direção ao Mestre. Mas curioso e animado como todos nós ficaríamos, feito criança, Pedro diz um "também quero!" na forma de "Se és Tu, Senhor, manda-me ir ter conTigo." Se Jesus mandar, os efeitos da gravidade serão suspensos em Pedro como foram com o Cristo. Pedro não anda na prancha. Desce do barco diretamente sobre as águas e caminha na direção de Jesus, olhos fixos no Senhor do Céu e da Terra. Mas assim que perdeu o foco, olhando para o vento, para os lados e, certamente, olhando para os pés, começou a afundar, pior, submergir, e grita por socorro.
A vida é bem assim. Já sabemos muito bem que Deus caminha à nossa frente, que Sua Palavra é um GPS perfeito para toda e qualquer situação da vida, sempre guiando-nos em paz interna e segurança. Deus diz "Confie em Mim" e nós seguimos os Seus passos. Não há nada que nos faça temer, pois, "Se Deus é por nós, quem será contra nós?" (Romanos 8:31). O problema é que temos o mau hábito de reparar nos ventos, nas nuvens, nas poças de água no caminho, metáforas para as dificuldades da vida, e perdemos o foco dAquele que nos guia, que continua tranquilo adiante de nós, confirmando a ordem: "Siga-Me".
Deus nunca nos mandou andar na prancha. Jesus não mandou Pedro andar sobre as águas antes de que o próprio discípulo o pedisse. Não é programação neuro-linguística, nem pensamento positivo, pois nenhum desses adeptos jamais conseguiu andar sobre as águas. Aquela foi uma manifestação única na história do poder de Deus em Cristo, e em Pedro, que não depende de eu crer ou não que aconteceu. Foi um fato registrado. Não é para ser imitado, mas entendido. Jesus não é comum. Nós somos.
Esse ser tão especial e único é quem nos convida a experiências surreais de vida. Se o nome do já velho filme era "A Insuportável Leveza de Ser", com Jesus passa a ser a maravilhosa leveza de existir. O fardo é leve, o jugo é suave, o peso é retirado e somos postos nas mãos de nosso Criador e o Maligno não nos toca. Basta confiar e caminhar com Ele.
Como é que você quer andar na prancha da vida?
Fique bem. Fique em paz. Fique com Deus.
Com carinho,
Pr. Manga

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