Antídoto para a normose

Nos anos setentas, uma música de Belchior dizia 'apesar de tudo o que vivemos, ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais' (Ainda Somos os Mesmos). Se nossos pais não tivessem sido pecadores como seus pais antes deles, não seria nada mal ser e pensar como eles. O problema é que existe uma tendência de se conformar ao padrão de vida do outro, seguindo práticas que prejudicam as pessoas. Isso é normose ou a patologia da normalidade. É ler História ou observar o mundo ao nosso redor e constatar que ainda somos os mesmos, num mau sentido.

Existem vários tipos de normose. A negativa é seguir um padrão ruim, negando-nos o direito a uma vida mais feliz, a normose dos maus hábitos, por exemplo, ou da religiosidade doentia, vazia do Deus verdadeiro e cheia de ilusões humanas atraentes agora, mas sem futuro, sem a eternidade oferecida pelo Pai. Há a normose positiva, os bons hábitos comuns como fazer exercícios físicos, comer moderadamente, tomar banho e escovar os dentes antes de dormir. E existe, ainda, a normose neutra, como almoçar ao meio-dia.

A passagem bíblica de hoje já falava desse conceito há quase dois mil anos e está em Romanos 12:2:

"Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus."

Padrões são necessários. Foi também de meados da década de sessenta até a de setenta que surgiu um movimento chamado de hippie. Os hippies não queriam se conformar à rotina da vida e padrões de seu tempo. Os jovens queriam uma vida sem regras, de sexo livre, sem casamentos, polígamo ou não, homo ou hétero. O cristianismo foi substituído pela religião do 'paz e amor', com toques de espiritualidade oriental e incensos aromáticos. Não queriam cortar os cabelos, e ouvir música e fumar maconha era o novo normal. Roupas descoladas e extravagantes destacavam essas pessoas que saíam de casa para viver a vida como bem entendessem. Só durou uns dez anos. Começaram a ter filhos e alguém tinha de ensiná-los a ler e escrever, a respeitar os pais, a aprender um ofício para que garantissem sua existência... E os ex-universitários que abandonaram seus estudos numa rebeldia sem causa tiveram de voltar ao "normal".

O normal positivo não deve cessar nunca. Isso não é normose. Mas o "padrão deste mundo" é e, por isso, deve ser evitado a todo custo. É maligno, egoísta, enganoso e seu fim não é bom. A normose de hoje é a mentira, as promessas de efeito, o amor eterno que só dura uns dias, um amor hippie. A Palavra de Deus, sempre atual, nos ensina a vida que faz sentido, da fé sadia, do relacionamento com Deus com intimidade e confiança. É necessário não nos conformarmos a este mundo e renovar nossa mente, não com ideias tolas e irresponsáveis, mas com uma forma de pensar ensinada pelo Próprio Criador, que sempre soube o que é melhor para nós. Deus é amor, isto é, sempre quer e faz o bem para a humanidade. Quem se revolta contra Deus queria uma divindade manipulável. Mas quem faz de Deus Pai o seu normal é capaz "de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

A turma da normose confunde vontade de Deus com o que acontece no mundo. Acha Deus cruel porque Ele deixou um avião cair, uma criança ser atropelada. Quem inventou o avião foi o homem e máquinas falham por mil motivos. Quem dirigia o carro que atropelou alguém também foi uma pessoa. Não foi Deus. Quem construiu sua casa na rota dos furações não pode se queixar do vento. Por que Deus permitiu tudo isso? Para o nosso bem. Para que fôssemos à Sua imagem e semelhança, aprendendo a ser responsáveis, a escolher bem e escolher o bem, para que tivéssemos individualidade. A normose nos conforma ao outro e deixamos de ser nós mesmos. Mas ser imitadores de Deus é uma conformidade que liberta. Nós nos submetemos aos padrões de Deus para ser elevados à condição de filhos de Deus, não meras criaturas abandonadas num mundo caótico. E cessa o caos em nós.

Jesus veio para que tenhamos vida e vida em abundância, uma paz que este mundo não dá, e um futuro inimaginável de tão diferente de tudo o que há. A eternidade é o diploma da vida. Quem chegar ao fim do curso e se formar receberá a coroa da vida.

Qual é o seu normal? O que o limita? Você já está no normal de Deus? Senão, por que não? O convite de Jesus ressoa todos os dias. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

Com carinho,

Pr. Manga