Abrindo mão para ter
- JUBCor
- 2 de jul. de 2020
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Na parábola do filho pródigo, encontramos um ensino extremamente profundo na resposta do pai ao filho que não foi pródigo.
Geralmente, pensamos na condição do filho que saiu de casa. Em busca de liberdade e de não ter mais que servir aos outros e prestar contas a alguém, em pouco tempo acabou fazendo exatamente o que não queria mais fazer. Foi parar numa fazenda, trabalhando para terceiros, passando fome, sem recursos e cheio de remorsos. No vazio de sua mais ampla liberdade, dá contas a si mesmo. A expressão bíblica é "caindo em si". E que tombo foi. Descobriu que foi um esbanjador. No linguajar jurídico, pródiga é a pessoa que, por sua prodigalidade, pode ser interdita de administrar os seus bens. Alguém, alguma autoridade superior, às vezes precisa impedir que a pessoa administre seus bens pelo bem do próprio interditado.
Em nome da liberdade, do "não aguento mais", do "quem manda em meu nariz sou eu", do "eu faço o que me der na telha", muitas fortunas foram destruídas e riquezas imensuráveis foram perdidas. Famílias foram desfeitas e pais e filhos seguiram caminhos diferentes, sozinhos. Alguns gastaram todo o dinheiro que juntaram tentando realizar o sonho de ser o chefe, patrão de si mesmos, investindo pesadamente em negócios que não deram certo. Imagine só o que está acontecendo agora com os comerciantes que abriram lojas nos shopping centers com o compromisso de pagar aluguéis de 40 a 60 mil reais por mês por uma sala de trinta metros quadrados. Vem uma quarentena e o impedem de abrir a loja por tempo indeterminado. Quero saber se a administração dos shoppings será tão humana a ponto de dispensar o pagamento dos aluguéis durante todo o período de calamidade pública. E você nem precisou ser pródigo para perder cem mil reais em dois meses de paralização. Ainda bem que tudo se negocia, e o parcelamento da dívida nos meses vindouros pode ajudar a superar a crise. A vida é um grande risco.
O texto de hoje está em Lucas 15:31: ""Disse o pai: ‘Meu filho, você está sempre comigo, e tudo o que tenho é seu."
Um pouco de contexto ajuda a entender a frase do pai: o filho gastador voltou para casa, arrependido e humilhado, pedindo perdão ao pai. Amoroso como todo pai deve ser, este recebe o filho que estava perdido com um abraço, um beijo, banho, roupas novas, anel no dedo e uma festa, um banquete. Alegria real do reencontro, do perdão e da união da família que sabe se amar. No entanto, o filho mais velho, quando volta do campo e ouve a história, em vez de se alegrar com o retorno do irmão, fica revoltado e nem quer entrar na casa. O pai vem ao seu encontro do lado de fora, mas ouve apenas as queixas invejosas do primogênito: "Nunca desobedeci às tuas ordens, mas tu nunca me deste um cabrito para eu festejar com os meus amigos. Volta esse perdulário e o senhor mata um novilho gordo para ele."
O pai, lhe diz: "Meu filho, você está sempre comigo, e tudo o que tenho é seu". De fato, o banquete foi feito para receber de volta o que estava afastado, mas tudo o que o pai tem agora pertencerá ao filho mais velho, porque o menor gastara já toda a sua herança. Estava perdoado e de volta ao lar, mas não receberia nova herança. Teria que trabalhar para o pai, feito Jacó para o Tio Labão, e juntar seu rebanho, devagar e com muito trabalho como, via de regra, a vida é. Em contrapartida, o que abriu mão das aventuras, da vontade própria, dos grandes sonhos, mas viveu obedientemente, agora é dono de tudo.
Na casa de nosso Pai Eterno há muitas moradas. Jesus preparou um lugar para que nós voltemos ao lar e nunca mais saiamos dele. Nosso Criador e Benfeitor nos espera voltar de nossas aventuras na vida com um coração que reconheça que a vida com Ele teria sido muito melhor, mas que será incomparavelmente mais feliz a partir da volta. É preciso abrir mão do que queremos na carne para obter o que necessitamos de fato. E Deus nos conduzirá, provendo, amando e consolando, um dia de cada vez. Deus é amor e tudo faz para bem de Seus filhos. Se você é o filho que ficou, alegre-se: nunca passou necessidades. Se você é o filho afastado, o Pai e todos nós esperamos o seu retorno. Volte pra casa.
Com carinho,
Pr. Manga.

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