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A-fake-pendimento

  • Foto do escritor: JUBCor
    JUBCor
  • 29 de jul. de 2020
  • 5 min de leitura

O marido teve uma discussão calorosa com sua esposa por questões financeiras. Perdeu o controle, ofendeu a ela e toda a sua família com palavrões e adjetivos criativos e, por fim, acabou batendo nela. Ela chorou de dor e, raiva passada, ele chorou de remorso. Ajoelhou-se ao lado dela e pediu perdão, que estava nervoso, por isso agiu assim, mas que estava arrependido e nunca mais a machucaria. E ela o perdoa. Uma semana depois ele a ofende e dá um tapa nela de novo porque soube a mulher bateu o carro. Onde está o arrependimento da semana passada? Só serviu para aquele dia? Ou foi fake como tanta coisa é falsa nos dias de hoje?


Foi Jesus quem nos ensinou, no Pai Nosso, a dizer "perdoa as nossas dívidas como nós temos perdoado aos nossos devedores" (Mateus 6:12). O propósito da frase não era ser vã repetição, pois Jesus já nos havia previnido contra isso no versículo 7: "E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos". A palavra dívida corresponde exatamente ao sentido do original grego: aquilo que é devido justamente. Apenas como metáfora é que usada para pecado. A frase é uma chamada ao exame pessoal: fiquei devendo alguma coisa a alguém? Prometi e não cumpri? É fácil ser injusto num julgamento ou em ofender, falando o que não se deve dizer.


Mas Lucas, ao relatar a oração anos depois de Mateus, nos apresenta uma versão truncada do Pai Nosso: Lucas 11:2-4 "Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; 3 o pão nosso cotidiano dá-nos de dia em dia; 4 perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo o que nos deve; e não nos deixes cair em tentação." Faltam aqui as expressões "Pai Nosso", "que estás nos Céus", "seja feita a Tua vontade assim na terra como no Céu", "livra-nos do mal" e "porque Teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém". Isso nos demonstra que as pessoas não decoraram a oração modelo e a repetiam todos os dias antes de dormir. Jesus não nos ensinou uma reza, mas nos deu um modelo de oração. São coisas que devemos lembrar quando oramos. A oração é uma conversa livre entre o homem e Deus, sem intermediários e sem rituais, a intimidade do filho com seu Pai Supremo e não tem palavras obrigatórias.


Qual o problema em usar o Pai Nosso como reza? Nenhum, se a usamos numa liturgia aconchegante em que toda a congregação pode dizer uma oração em conjunto, em uníssono, isto é, em um mesmo som. Traz unidade e conforto e suscita um sonoro 'amém' no final. Mas se o Pai Nosso se tornar vã repetição, isto é, algo que dizemos sem prestar atenção nas palavras, sem realmente querer dizer o que se é repetido, ela se torna uma oração falsa, desprovida de nossa razão e emoção. Meras palavras.


Existe uma frase muito comum em orações que pode refletir esse automatismo desvinculado da realidade: "perdoa todos os meus pecados" ou 'e perdoa nossos pecados', já incluindo o possível pecado de quem está ao lado. Pior é "perdoa a multidão dos nossos pecados". Multidão de pecados? Que é isso? Oração de quem está se convertendo agora e reconhece que sua vida foi uma multidão de erros, dívidas, ofensas e pecados? Aí, tudo bem. Éramos realmente assim. Mas na semana seguinte à conversão, à volta à casa do Pai, depois de termos todos esses pecados levados por Jesus na cruz e termos sido "lavados e regenerados no Espírito Santo" (Tito 3:15), como ainda poderíamos ter tantos pecados assim? Por acaso ainda não nos sentimos perdoados? Jesus disse que fomos, pois atendemos ao seu aviso quando Ele disse: "Arrependam-se, pois o Reino dos Céus está próximo".


Arrependimento é a conscientização de um ato e de suas consequências. Tomamos consciência de que fizemos algo que não deveríamos ter feito e magoamos outras pessoas ou entristecemos o Espírito Santo. Envergonhamos o Pai, porque nossa atitude não refletiu que somos de Deus, e tomamos a firme decisão de não agir mais assim.


O arrependimento fake, no entanto, tem consequências para nossos relacionamentos com os outros e com Deus agora. Nossas ações determinam bênçãos ou não. Bênçãos não são pela graça. São a materialização da bondade e benevolência de Deus que nos recompensa aqui e ali num estímulo para continuarmos no bom caminho e não tem nada de pavloviano nisso. É o amor de Deus querendo nos agradar e demonstrando que é muito bom viver com Ele. Somos observados e nossas bênçãos também são testemunho para quem nos observa, assim como nossos erros também são devidamente notados. Quem nos vê enxerga o quê? Um hipócrita que nunca se arrependeu de verdade? Alguém que não entendeu seu relacionamento com Deus ainda, isto é, uma pessoa imatura e de fé superficial? Então de que serve a nossa fé?, perguntarão. O arrependimento real é o que nos dá autoridade. Mostra que aprendemos com os erros e não vamos errar mais. "A tua fé te salvou" não só do Inferno eterno, topônimo, mas do inferno simbólico de uma vida derrotada antes da eternidade, se houve arrependimento e mudança de comportamento.


Pedir perdão por uma coisa hoje e fazer a mesma coisa amanhã ou depois não é arrependimento. Não é conscientização nem é sincero. Reflete, sim, o medo de não ter tido algum pecado perdoado e, se morrer dormindo, não ir para o Céu. Pois saiba que você provavelmente terá algum pecado em você do qual não se arrependerá ainda quando morrer. Você pode ter feito algo ou pensado alguma coisa sem notar que estava pecando. Se não temos consciência de termos errado, não nos arrependemos. Mas nós não vamos para o Céu porque não temos mais nenhum pecado. Jesus pagou por todos eles, pecados passados, presentes e futuros. Se fôssemos salvos porque não pecamos mais, seríamos salvos pelas obras, isto é, seríamos salvos porque nos purificamos e não encontramos mais nenhum pecado sequer em nosso histórico recente. Fiquemos tranquilos. Somos salvos porque entendemos que somos falhos e dependemos de Deus para nos salvar porque ninguém conseguirá ser perfeito assim, para ser salvo por pureza. Nós reconhecemos que necessitamos de um Salvador, que é Jesus Cristo, e colocamos nEle nossa esperança.


Você ainda tem algum pecado de estimação? Teima em repetir os mesmos erros? Peça perdão a Deus. Quando nos arrependermos de algum pecado, seja de xingar, mentir, maus hábitos ou eventuais erros de conduta, devemos fazer uma nota mental para nós mesmos dizendo "isso eu não faço mais, para meu bem e do meu próximo". A luz de Jesus brilhará em você desimpedida e sua vida glorificará a Deus.


Fique bem. Fique em paz. Fique com Deus. Vá e não peque mais.


Com carinho,

Pr. Manga



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