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Fé Instintiva - Os Improváveis

  • Foto do escritor: JUBCor
    JUBCor
  • 1 de ago. de 2020
  • 8 min de leitura

Esta semana, num devocional anterior, vimos como as pessoas de hoje creem apenas em "suas verdades", isto é, suas convicções. Essas verdades "são produzidas pela emoção e intensidade da crença mais do que a razão". Não são necessários fatos e evidências, apenas vontade de acreditar. Infelizmente, acreditam em qualquer coisa, por mais absurda que seja. A Bíblia deixou de ser referência até para alguns que se dizem cristãos, removendo dela o que não lhes agrada para apaziguar um espírito conturbado pelo pecado. Em vez de tirarem o pecado da vida, tiram o pecado da Bíblia. Deixando de ser proibido nas Escrituras, não há mais dor na consciência.


Há algum tempo, os religiosos discutiam doutrinas, buscando nas Escrituras as justificativas para suas convicções. As pessoas conheciam as Escrituras para argumentar e defender a fé. Para muitos, isso era um mero esforço intelectual, pois a vida real não continha a prática da fé como um relacionamento pessoal com Deus que altera a conduta do crente.


É assim que a vida de José nos chama a atenção. José era o décimo segundo filho de Jacó, se lembramos que Diná era filha dele também, mas não listada nas tribos de Jacó posteriormente. José era filho da esposa de quem Jacó mais gostava, Raquel, que foi estéril durante muitos anos. Assim José foi o filho caçula durante muito tempo, até a chegada de Benjamim, seu irmão mais novo, também filho de Raquel, que morreu após o parto.


Isso explica o comportamento preferencial do pai, entre outros fatores que veremos no texto, características de José que todos devemos praticar.


José nasce em Gênesis 30:22-24: "Então Deus lembrou-se de Raquel. Deus ouviu o seu clamor e a tornou fértil. 23Ela engravidou, e deu à luz um filho e disse: "Deus tirou de mim a minha humilhação". 24 Deu-lhe o nome de José e disse: "Que o Senhor me acrescente ainda outro filho".


Em hebraico, o nome José significa "Javé acrescentou". Raquel não tinha filhos até então. Abençoada com um, vai logo pedindo outro. Sua motivação era competir com a irmã, Lia, que até aqui já havia tido sete filhos. Isso tudo aconteceu enquanto Jacó ainda vivia na casa de seu tio Labão, pai de Raquel.


Essa competitividade também marcou os dez filhos homens que Jacó teve, fato que notamos dezessete anos depois, quando José é mencionado novamente. Jacó agora é um homem próspero, vivendo em suas próprias terras, dono de grande rebanho e de muitas posses.


Vejamos o texto de Gênesis 37, a partir do primeiro versículo.


1-Jacó habitou na terra de Canaã, onde seu pai tinha vivido como estrangeiro.

2 Esta é a história da família de Jacó:

Quando José tinha dezessete anos, pastoreava os rebanhos com os seus irmãos. Ajudava os filhos de Bila e os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai; e contava ao pai a má fama deles.

3 Ora, Israel gostava mais de José do que de qualquer outro filho, porque lhe havia nascido em sua velhice; por isso mandou fazer para ele uma túnica longa. 4 Quando os seus irmãos viram que o pai gostava mais dele do que de qualquer outro filho, odiaram-no e não conseguiam falar com ele amigavelmente.

5 Certa vez, José teve um sonho e, quando o contou a seus irmãos, eles passaram a odiá-lo ainda mais.

6 “Ouçam o sonho que tive”, disse-lhes. 7 “Estávamos amarrando os feixes de trigo no campo, quando o meu feixe se levantou e ficou em pé, e os seus feixes se ajuntaram ao redor do meu e se curvaram diante dele.”

8 Seus irmãos lhe disseram: “Então você vai reinar sobre nós? Quer dizer que você vai nos governar?” E o odiaram ainda mais, por causa do sonho e do que tinha dito.

9 Depois teve outro sonho e o contou aos seus irmãos: “Tive outro sonho, e desta vez o sol, a lua e onze estrelas se curvavam diante de mim”.

10 Quando o contou ao pai e aos irmãos, o pai o repreendeu e lhe disse: “Que sonho foi esse que você teve? Será que eu, sua mãe, e seus irmãos viremos a nos curvar até o chão diante de você?” 11 Assim seus irmãos tiveram ciúmes dele; o pai, no entanto, refletia naquilo.

José era muito apegado ao pai, tinha um carinho que se evidenciava na intimidade de informar a Jacó o que os outros filhos estavam fazendo, a má fama deles. Quer dizer que José não compactuava com eles, não participava de seus maus feitos. O v.3 diz que Israel gostava mais de José do que de qualquer outro filho. Isso despertou um ciúme natural entre os irmãos, o que consequentemente fez com que os dez não tratassem José amigavelmente (v.4).


Então, José teve dois sonhos. Neles, o pai, a mãe, e os onze irmãos (incluindo Benjamim) se curvariam diante dele. É interessante notar que "sua mãe", no versículo 10 era sua tia, Lia. Raquel já havia morrido e foi Lia quem o criou depois disso.


Outro fato digno de nota é que José é culpado pelos sonhos que tem. Quem já encomendou sonhos e os viu ao dormir levante a mão, por favor. Se aconteceu, a coincidência se deve à fixação com a ideia antes de dormir. A pessoa sonhou acordada e, quando dormiu, deu prosseguimento à fantasia. Não foi o caso de José. Os sonhos lhe foram dados por Deus para avisá-lo.


José passaria por momentos muito difíceis a partir daqui e precisaria de uma "força maior". Ele não tinha Bíblia na Linguagem de Antes (na linguagem de hoje, ele não entenderia nada), nem Bíblia no celular para carregar para onde fosse. Não havia Escrituras nenhumas até então. Deus era um conceito passado de pais para filhos. As leis estavam escritas no coração, não em regras. Eram princípios de vida e de honra. A fé era viva, era a própria vida, não um punhado de doutrinas. Não havia referência bíblica. Havia relacionamento. Essa é nossa primeira lição e podemos aprender um pouco com isso hoje.


Tudo o que acontece em seguida é consequência disso. José foi escolhido por Deus para a missão que receberia porque já demonstrava ter um coração segundo o coração de Deus, ao contrário de seus irmãos.


No final do capítulo 37, José é vendido pelos irmãos a mercadores midianitas, que o levam para o Egito, onde é comprado por Potifar, oficial do faraó e capitão da guarda. A história continua no capítulo 39. José não chegou lá como administrador da casa do capitão. Era um adolescente e levou meses aprendendo a língua, os serviços da casa, o relacionamento com os outros escravos. Não sabemos quanto tempo passou entre o versículo um e o dois, que nos diz:


Gênesis 39:2-4 "2 O Senhor estava com José, de modo que este prosperou e passou a morar na casa do seu senhor egípcio. 3 Quando este percebeu que o Senhor estava com ele e que o fazia prosperar em tudo o que realizava, 4 agradou-se de José e tornou-o administrador de seus bens. Potifar deixou a seu cuidado a sua casa e lhe confiou tudo o que possuía."


Implícito nisso, podemos conjecturar, é que José estava com o Senhor, não somente "o Senhor estava com José". A prática da oração é anterior a "Jesus ensinou os discípulos a orar dizendo...". Essa comunhão com o Pai Eterno dava rumo ao comportamento do jovem hebreu e ele passou a prosperar e, notemos, depois desse tempo todo, "passou a morar dentro da casa do seu senhor egípcio". Dentro da casa, não era o conhecimento de José que o destacava dos demais. Era sua conduta e resultados alcançados. Ele ainda não havia recebido o Diploma de Interpretação de Sonhos, atributo que ele nunca tomou para si, mas reconhecia ser a graça de Deus. Seu relacionamento com Deus fazia com que seu envolvimento com os outros, senhores e escravos, fosse diferenciado. Nossa segunda lição. Muita gente hoje acha que por ter um relacionamento com o Criador poder prepotente e arrogante em vez de humilde e servil. Ainda somos escravos de Cristo.


No versículo 6, José se torna administrador da casa. Seu corpo franzino de adolescente agora dá lugar a um jovem homem "atraente e de boa aparência". No original, "atraente" quer dizer "elegante, lindo, bonito". Na RA, lê-se "José era formoso de porte e aparência". Nós não temos culpa se não nascemos mais bonitos que os outros, mas a culpa é nossa se não nosso comportamente repele e não somos atraentes. Essa é nossa terceira lição nesse estudo.


Como sempre digo, a vida não é justa e durante muito tempo não foi justa com José. Alguns anos de trabalho na casa de Potifar e a mulher de seu senhor "põe os olhos" em José. A palavra traduzida por "oficial de Faraó" no v.39:1, no original, quer dizer "oficial, eunuco". Entendemos que eram uma e a mesma coisa. Potifar era chefe da guarda do Faraó, estava dentro da casa do Rei do Egito e os servos internos eram eunucos, um preço muito caro por uma posição privilegiada. A infeliz de sua esposa "põe os olhos" no formoso hebreu e lhe diz: "Deita-te comigo". A resposta de José à tentação nos ensina que não precisamos ter Bíblia para ser fiéis a Deus. Precisamos ter um espírito que discerne as coisas e honra e glorifica a Deus. José respondeu: (Gênesis 39:9) "como poderia eu fazer uma coisa tão imoral e pecar contra Deus?". Essa é nossa quarta lição.


Ninguém pode impedir a tentação de vir. Notemos que o v. 10 diz: "Todos os dias ela insistia que ele fosse para a cama com ela, mas José não concordava e também evitava estar perto dela" (Gênesis 39:10 ). Outros teriam cedido ao assédio, mas "José não concordava e a evitava", levando-nos à quinta lição do estudo: fuja da tentação. Não fique girando ao redor do que tenta você, senão vai acabar caindo na armadilha.


Com o ego ferido pela rejeição, a mulher do capitão se vinga de José. Sua maldade era tamanha que ela como que declarava na falsa acusação de tentativa de estupro: "Se você não pode ser meu, não será de ninguém". A pena para isso era a morte. Potifar "ficou com muita raiva (v.19-NTLH), mas o lançou no cárcere. Certamente, sabia de que artimanhas sua frustrada esposa era capaz. Não tinha alternativa. José tinha de ser castigado para que Potifar mantivesse o moral dentro de casa.


O v.21 explica porque a punição não foi maior: "O SENHOR era com José". Deus foi benigno para com José. O carcereiro, também. E tudo o que José fazia Deus prosperava. Nossa sexta lição: as injustiças da vida não devem corromper nosso caráter. Deus continua conosco. José não se tornou amargurado. Tudo isso aconteceu com o jovem antes dos 25 anos de idade. E não para aí.


No capítulo 40, chegam mais dois presos à cárcere de José. O mordomo e o copeiro do rei do Egito foram presos porque ofenderam o seu senhor. A sétima lição é simples: respeite as autoridades. Que espécie de loucos eram esses dois para ofender o homem mais poderoso de seu tempo? Se devemos respeitar nossos superiores, dos professores aos chefes do trabalho, às autoridades públicas, quanto mais devemos aos que têm autoridade espiritual sobre nós!


José interpreta os sonhos dos dois novos prisioneiros, mas reconhece que a interpretação não era dom dele, mas resposta de Deus à oração: "não pertencem a Deus as interpretações?". Deus deu a José o sentido dos sonhos e o restante da história faz parte da vida adulta de José e fica para outra mensagem.


Recapitulando:


1) Primeira lição: a fé era viva, era a própria vida, não um punhado de doutrinas. Não havia referência bíblica. Havia relacionamento.

2) Segunda: o relacionamento com Deus faz com que o envolvimento com os outros, senhores e escravos, seja diferenciado.

3) Terceira: a culpa é nossa se não nosso comportamente repele e não somos atraentes.

4) Quarta: não precisamos ter Bíblia para ser fiéis a Deus. Precisamos ter um espírito que discerne as coisas e honra e glorifica a Deus. A Bíblia é um guia excepcional, mas a responsabilidade é nossa.

5) Quinta: fuja da tentação.

6) Sexta: as injustiças da vida não devem corromper nosso caráter. Deus continua conosco.

7) Sétima: respeite os que têm autoridade seculare ou espiritual sobre sua vida.


Se nosso coração é assim, Deus também será benigno para conosco e nos ajudará a alcançar os propósitos d'Ele para nossa vida, não os nossos. De quebra, nosso Pai Eterno pode nos dar vitória em qualquer lugar, até na prisão. Nosso caráter é invencível no Espírito Santo!


Graça e paz a todos!


Pr. Manga

Igreja Batista do Cordeiro



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